quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

QUANDO COMEÇAMOS A PERCEBER NOSSA EXISTÊNCIA?

Comecei a existir aos cinco anos de idade, no dia em que minha mãe me anunciou que eu iria ganhar uma irmãzinha...
Ela bordava um casaquinho de cambraia amarela, em ponto rococó, com linha mouliné em tons laranja em degradê até o branco... Eram pequenas rosinhas com folhinhas em tons de verde, igualmente delicados!
Estávamos na casa da tia Rita, as crianças brincavam, as mulheres conversavam e bordavam. E ela me disse que o casaquinho era para minha irmã ou irmão que nasceria... (Nos anos 1960 ainda não se tinha ultrassom, então era hábito fazer o enxovalzinho de cores que servissem tanto para menino como para menina). Antes disso não me lembro de mais nada...
Deste dia até o nascimento também não tenho lembrança nenhuma!
Mas, chegado o dia "D", recordo-me que fui levada à casa da tia Maria, que morava em Rio Claro na avenida 12, e minha mãe levada ao hospital Santa Filomena. Mas, só me lembro disso porque fui apresentada a uma novidade da cozinha, que eu até então não conhecia: "A pia"! Por esta ocasião ainda não havia água encanada na cidade de Ipeúna, onde morávamos e, portanto, não tínhamos pia.
Fiquei tão encantada com o tal acessório que passava o tempo todo em cima de uma cadeira lavando pequenos objetos que a tia me dava!... Devo ter dado prejuízo, pois me recordo que não foi pouco tempo que assim passei... É a única coisa que me lembro destes dias!
... Só vou me recordar novamente de minha existência deste período, meses depois quando minha mãe dava banana para a pirralhinha e ela, que estava com tosse comprida, afogou-se e começou a arroxear... Teria morrido não fosse meu pai ter a ideia de pegá-la pelos pézinhos e virá-la de ponta cabeça. A banana foi posta para fora e minha irmã foi salva para alegria de todos.
... Lembro-me de ter ficado muito assustada e deste dia em diante desenvolvi um carinho e cuidado especial por ela, ao ponto de me machucar fisicamente para que nada lhe acontecesse ... mas esta já é uma outra história!



Foto gentilmente cedida pela Izabel Biali de seu blog de bordados. Lembra muito a delicadeza da camisinha que mamãe bordava.

2 comentários:

  1. Giovanna Pazeto Canto11 de janeiro de 2018 às 13:58

    Dedinha pirralha engasgou com banana hahahaha...Bendito seja Expedito!

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  2. Nossa, foi um alvoroço até essa resolução. MUito tenso!

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